sábado, 19 de setembro de 2020

Tempo

 

Somos passado e futuro,

um meio termo amorfo.

Absortos, imprecisos.

Sujeitos ao tempo; sujeitos do tempo.

De joelhos, desejamos o constante presente da eternidade,

cobiçando, em carne, não perder tempo.

E o que é o tempo pra que se perca?

Barcos à deriva num caos de acasos,

contemplamos, resignados, seu constante devir.

 

O tempo nos foge e circunda,

em sua metamorfose perene e cabal.

Metrificá-lo apenas nos aprisionou.

Por que nos fascina se, breves, temos tão pouco tempo?

Nascidos que somos de efêmera matéria,

morreremos, um pouco a cada dia.

Morreremos até que não exista mais nada para morrer.

Alfa e ômega, o Tempo é.



PS: Este poema foi publicado no livro "Cidade Poética", lançado na cidade de São José do Rio Preto/SP, em setembro de 2020.

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