Pela janela de casa, observava a chuva copiosa abraçar toda cidade, devolvendo-lhe o
frescor. As nuvens turvas eram pintadas de um tom levemente avermelhado pela
incessante luminosidade citadina. Deitado no sofá, celular jogado no chão, mas
ao alcance para o caso de um mínimo sinal de interação, ele repisava alguns
caminhos tortuosos por dentro de si. De repente, um apagão. O roteador
desligado o escondeu do mundo e o restituiu à realidade. Tudo é trevas e o
barulho da chuva se tornou ainda mais presente, sensação natural diante da
privação de um dos sentidos. Cogitou levantar, contudo, sabia ser um pensamento
natimorto. Pensou no celular e em publicar a escuridão. Entretanto, alguém quererá
saber? Quem ansiará por conhecer atualizações acerca de banalidades? Certamente
ninguém! Somos todos tão-somente almas vaidosas sedentas por espelhos, pensou.
A chuva que caia constante amansou, a energia deu sinal de vida, as nuvens novamente avermelharam-se e, deitado, ele permaneceu. Pela janela da casa, a chuva o assistia chover.
Magnífico! Como aprecio essa sua forma de escrever! Esse jeito de ver coisas, pessoas e sentimentos de uma forma profunda, que acredito, hoje em dia, poucos possuem. Isso nos identifica. Conforta-me saber que faço parte dessa minoria, que simplesmente sente, não é louca, é diferente.
ResponderExcluirAmei!