quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Sertões digitais

 acelerados

fluidos

frágeis

líquidos

sólido em dissolução

metamorfoses

obsolescência programada

cobiçada   

invejada

instabilidade

flexibilidade

fragilidade parindo ansiedade

apropriados pela utilidade

necessidades

múltiplos saberes fracionados

diversos roteiros

o palco

a cortina

a atuação

vários papéis sociais

desenraizamento

insegurança

amores líquidos

movimento

incessante movimento

velocidade

estímulos

estímulos

estímulos

conjugação permanente

sinapses

ápices

catarses

fé a dimanar

e escorrer

pelo pancake

na face árida

dos nossos sertões

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Delírios

 

Nem um dia a mais,

nem um dia a menos.

Há somente o instante

e delírios com a eternidade.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Isolamento

 

Do meu quarto,

travestido em prisão,

espero sair reabilitado.

Cá comigo: alucinação!

 

Trabalho casmurro;

Romances estéreis;

Mortes e mortes e mortes;

Over information;

Alienação virtual;

Suportar o dia a dia

e a agressão do real.

 

Pela janela apertada,

resignado, assisto

à paisagem concretada,

cinza e congelada.

Aglomerado de gaiolas!

Ilhas verticais!

Corpos cansados!

Almas rendidas,

despidas,

chorando, caladas,

no chão gelado da solidão.



PS: Escrito durante a pandemia da Coivd-19, em abril de 2021.

sábado, 16 de outubro de 2021

Platônico

 

Platão passou por aqui

e pediu pra avisar:

“essa sombra

no celular

não vai lhe bastar,

não, não vai.

É pele roçando pele,

e cheiro fogoso oxigenando

as veias e artérias

do corpo e d’alma.

É sangue quente,

pulsante, enrijecido,

no covil embebido.

Calor que não se abranda

senão com saliva”.

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

em Rio Preto

 

Num'árvore morta,

um beija-flor busca o que sorver

e serpenteia flutuante

por entre os galhos ressecados

até pousar - triste, talvez.

Alheio, observo sua silhueta delicada

envolta pelo céu azul esfumaçado de agosto, em Rio Preto.


sexta-feira, 30 de julho de 2021

Da Pátria a guarda

Botas lustradas,

armas em riste,

dedos nos gatilhos:

Medo.

 

Espectros malignos

vindos do oriente.

Proteção autoritária:

Censura.

 

Política genocida,

milícia e Marielle,

vírus e vacina:

Morte.

 

Cristãos pela tortura.

Militares pelo USA.

Quando foi que demos

meia volta volver?


segunda-feira, 26 de julho de 2021

Desejo

 

O desejo vem fumegante

até as extremidades,

até a ponta da língua,

até saírem faíscas dos olhos,

entretanto, não ousa ultrapassar

o racional limite do real.

É como se eu estivesse eternamente preso,

condenado a ser o que sou

e não quem desejo ser.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

 

Fatigo os céus com preces.

A mente taciturna

irradia pesar.

A alma, dilacerada,

jaz impermeável.

quinta-feira, 17 de junho de 2021

 

[...] silêncio.

inspiro!!!

desejo;

enfado;

desejo;

enfado;

expiro.

silêncio [...]

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Empatia

 

rasguei-me e remendei-me tantas vezes...

há até alguma empatia

no mosaico cubista que me

olha de volta no espelho,

compassivo.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Meu bem

 

Meu bem, mais cinco minutos

ou cinquenta anos, quem sabe?

Talvez, nessas ficanças,

façamos um par.

 

Meu bem, não se desespere.

Espere, se entregue.

Nos corpos grudados,

a nossa aliança.

 

Meu bem, meu bem,

a jornada já é

correr ou caminhar

tanto faz.

 

Meu bem, o trem partiu

sem o balançar de lenços.

Ficou o silêncio,

uma ausência sutil.

 

Que pena, meu bem,

você me surgiu, assim,

um amor tranquilo

mas o tempo não soprava a favor.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Sobre o perdido

Perde-se sempre nessa vida.

Às vezes, nem é por distração.

Nota-se o perder-se

e entrega-se à correnteza.

Perde-se, até, planejadamente,

com dia e hora marcada;

ou num estalo,

aguardando o verde para seguir,

numa palavra que se ouviu na fila do pão.

Perde-se até pra sentir-se perdido,

procurar-se e achar-se, talvez.

Às vezes, perder-se faz tanto sentido

que até se consegue ser feliz.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Herói

 

Mais um herói morto na calçada

engasgado com seus devaneios e utopias,

envolto em sua bandeira de vaidades.

domingo, 14 de março de 2021

QUARENTENA

 

Sábado!

O céu é todo de um azul celestial.

O sol doura aquilo que toca

e me embevece uma brisa aconchegante.

É sábado e, lá fora, um silêncio sepulcral

sufoca o luto e a angústia.

Alguns carros passam desconexos

e uma família mascarada caminha devagar.

É sábado e, da minha sacada, aturdido,

vejo esvaírem-se os últimos raios de sol

e a noite conceber o sepultamento de mais um dia.