terça-feira, 31 de janeiro de 2023

uma nova ordem


nas brigas brigadas

fiquei mesmo bom foi em perder

nada de vergonha muita

apenas o básico de não ganhar

sem alarde ou bate-boca

derrota de nem dar dó

da vaga na fila à promoção

lutas dessas rotineiras

veja, há de se ter o dom

pudesse eu escolher

mesma aparência deixava tudo

que ganhar é insaciável miragem

e exige perpétuas novidades

abraços e dentes e rojões

mas, se apraz minha vontade

o fracassar por escolhido

deixa perder de ser um castigo


domingo, 29 de janeiro de 2023

Medo

 

Medo de dobrar a esquina

e topar comigo mesmo,

com aquela antiga versão

não mais compatível, agora.

Aquela que meus outros eus,

por unanimidade,

resolvemos eliminar.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

 

Hey, Senhor do Tempo,

não me devore antes que eu veja

o broto dos meus sonhos

rasgar a terra da realidade.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Para viver bem

 

Se quer viver bem, apresse-se em aceitar-se,

em ajeitar-se com o que não pôde

e consentir com o abraço inescapável do acaso.

Se quer viver bem, entenda: você só enxerga o que é!

No baile, bem poucos tocam e muitos dançam.

Não busque propósitos, pois tudo é pó e sinapses.

Se quer viver bem, ensaie alguns sorrisos

e traga lágrimas e pecados a sete chaves.

Ah, se quer o próprio bem, o amor não o trará, 

não importa o que tenham prometido os poetas.

Separe umas boas músicas, uns bons livros,

uma poltrona confortável, um punhado de amigos.

Ajeite o foco dos sonhos ou eles te devorarão.

A morte, ela é um oceano que se alarga ao infinito

e surfamos em suas águas por um átimo

até sermos tragados e apagados, como se nunca houvéramos.

A morte é para os que ficam!

Se quer, realmente, viver bem, entenda, desde já: 

você falhará!


domingo, 22 de janeiro de 2023

 O Instagram é todo ele um Poema em linha reta.

Caribe

 


No seio do mar, não!

Foi no doce Paraná

minha anunciação.

Nas águas retidas,

na correnteza consentida,

em seu leito entendi

o verter da vida.

Ao tocarem meus pés

suas celestes águas,

dilui-se sereno

o enrijecer da alma.

E ao anoitecer

espelhando o sol poente

refletido em meu olhos

somos um ser convergente.

sábado, 14 de janeiro de 2023

 

Ontem, azul.

Vermelho, hoje.

Amanhã, de novo azul!

Ou nu...

Quem sabe?

Palimpsesto pulsante amanhecido,

papiro e escriba

rescrevendo-se envaidecido

enquanto ainda respira

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

(Re)existência!

Uma faca sem fio,

o horizonte selvagem,

deserto, hostil.

Uma só oportunidade,

escassa probabilidade,

de fazer-se acontecer

com força, beleza e precisão.

(Re)existência!