domingo, 17 de dezembro de 2023

 

A roupa de marca

modela meu corpo

que por debaixo

é descuidado e torto

 

O carro potente

é lente convergente

aumenta meu pau

seduz minha mente

 

O peito estufado

ensaiada agressividade

Pancake instintivo

da minha vulnerabilidade

 

No dinheiro multiplicado

a masculinidade reconhecida

a existência anabolizada

a sensibilidade emudecida

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

 

Imortais, minhas ideias são à prova de balas.

Minhas palavras, afiadas navalhas,

separam alma e espírito.

Canto, ainda, um canto torto.

Sou regato sufocado por um grande sertão.

Águas que veredeiam sem paragens

e contornam as pedras no meio do caminho

na esperança de uma dia se unirem ao mar.

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Costume

 

Olhares apáticos.

Passos resignados,

escravos do hábito

e suas expectativas.

 

Presenças desbotadas.

Uma parceria que par seria

se um punhado de acaso

rasgasse ao meio a rotina.

 

Usanças insípidas!

Apetites decorados!

 

O costume, mais que a vontade, fê-los unidos.


domingo, 3 de setembro de 2023

Distinto

 

caminho fantasmagórico

por entre os corredores do shopping

deslocado, mutilado

apartado das vitrines, sujeitado,

cobiço pedaços do que ainda não sou

em cada novo item novo

a identidade ansiada

troco vida por pertencimento

suor por um ego saciado

nas sacolas: alívio,

vaidade e esperança

meus amigos me aceitarão

minha garota vai me amar

os olhares? inveja e admiração

a porta abre com minha presença

o segurança acena gentilmente

lá fora, o sol brilha agradável

suspiro desafogado

sou sujeito novamente

domingo, 6 de agosto de 2023

macarrão com frango

 

boteco:

senhores desfilam mocidades maquiadas

falam de pescaria, joelho, futebol

pressão, trabalho, álcool

algumas fofocas acanhadas, mas ácidas

eles orbitam uma cachaça caseira

- suave, segundo relatos

um sabichão chega; sai do prumo o senso comum

o calvo e sua Saveiro rebaixada saem em arrancada

- consciente, a cena se transmuta em espelho profético

domingo, pré-almoço, no interior de São Paulo


 

O cheiro do corpo banhado

inebriava minhas virtudes,

ludibriava o meu ego

pseudo-casto-puritano.

 

E as sagradas convenções,

alvos brasões eternos,

sucumbiam ao instinto,

às imperdíveis promoções humanas.

 

asfalto rasgado

terra golfada

placas listradas

carros zangados

secura agostina

um ipê dourado

recheadinho

quarta-feira, 12 de julho de 2023

 

Paixão é ventania:

desfolha e destelha.

Amor é calmaria:

conforta e alenta.

 

Encontrar quem vai me gostar

ainda que eu não seja vencedor.

 

Quero-te, agora!

Quero como se tivesse te perdido.

 

Alguma coragem,

compaixão e coerência.

Pensar a vida; viver o que pensa.

Geracionalidades

 

Deleitavam-se alguns jovens

em petulância juvenil aflorada.

E entre goles e sorrisos,

exaltavam os seus viços.

Imaginavam ter vida afiançada.

 

Na mesa ao lado

(liberdade ou solidão)

em fingido desinteresse,

eu refutava mentalmente

cada palavra de exaltação.

 

Inocentes!, sussurrei,

em minha madura petulância.

não há vivência presumida!

Só se tem a porção de vida

do Tempo arrancada em litigância.

domingo, 25 de junho de 2023

Fissão

 

Ogivas enterradas pairam sobre a existência,

paradoxais.

Átomos instáveis que advogam pela paz.

Devoção armamentista impulsionada.

Exércitos mercenários.

Bilionários extravagantes.

Perversidade, megalomania e poder

no café da manhã.

Democracias prostradas.

Autocratas melindrosos.

Apocalipses particulares

ao alcance de um lance.

Quem dá mais?

Dou-lhe uma.

Dou-lhe duas.

Dou-lhe três!

Sold!

sábado, 17 de junho de 2023

Segredo


Fazia dias que Carol estava estranha. Bernardo podia senti-la diferente, como se o corpo dela estivesse telegrafando algo que ele não conseguia decifrar. Lembrou-se de ter lido de relance algo mais ou menos assim: “se a boca se cala, falam as pontas dos dedos”. Mas ele não entendia nada de linguagem corporal. Achava até um pouco bobo.

- Ei, vamos adiantar nossa série, hoje, à noite?, disse ele todo convidativo.

Ela, sorrateira, para e repete a pergunta, como quem quer ganhar tempo pra pensar.

Ele, desatento, confirma com um balanço leve de cabeça.

Carol, decidida, sentencia: - Vamos sim, mas só um episódio, porque tenho que voltar cedo pra casa. Tenho o dia cheio amanhã e quero descansar.

- Poxa, mas desse jeito fica difícil. Não terminaremos nunca.

- Eu sei... Mas logo a gente assiste. Prometo! Melhor deixar pra outro dia, então.

- Beleza.

Despediram-se com uma bitoca que quase não se consumou. Ele ainda ficou parado, um pouco atônito, um pouco anestesiado, observando a silhueta dela se distanciar enquanto descia a rua.

Aquele começo de noite foi extremamente arrastado e aflitivo. Revisou consigo mesmo todos os movimentos feitos por Carol que conseguiu lembrar. Uma piscada, uma sobrancelha que se levantou diferente, uma mão que gesticulou de modo incomum, uma engasgada em algum assunto avulso. Não encontrou nada que pudesse dar suporte à uma hipótese minimamente verossímil.

Com a noite em aberto, convidou Ricardo pra uma cerveja. Era preciso espairecer, deixar o subconsciente trabalhar nas sombras, livre.

Diferentemente de Carol e Bernardo, a sinuca e a cerveja estavam em plena harmonia e, por algum tempo, ele esqueceu a situação desconfortável e estranha em seu relacionamento. O papo raso com Ricardo cumpria bem sua função.

Entretanto, sem pedir licença, aquele pensamento latente passou ileso por todas as barreiras da consciência, tomou forma de palavra lamentada e Bernardo choveu torrencialmente um longo e angustiado monólogo, que Ricardo ouviu com atenção quase irrestrita.

- Cara, estou com problemas com a Carol. Não sei, ela tem se comportado diferente por esses dias. Será que ela quer terminar? Enjoou de mim? Não sei bem o que fiz. Não sei o que fazer. Temos feito exatamente o que fazemos sempre. Não percebi se algo mudou. Se mudei. Se ela mudou. Foi tão estranho. Como se ela tivesse receio de me olhar. Como se houvesse até um certo tédio, sabe? Parece que há um segredo que ela não quer me contar.

-Mas ela não falou nada, cara?, perguntou Ricardo, diligente.

- Nada! Nem uma palavra!

- Foda...

- Pra caralho! Já criei múltiplos e dramáticos cenários. Aquele em que terminamos. Outro no qual apenas revisitamos uma briga doméstica. Em um deles, vejo mensagens de outra pessoa no celular dela: corações, confissões e saudades. Já imaginei se fiz algo no automático que a magoou. Às vezes, acontece da gente ser babaca sem-noção e nem perceber. Se fiz algo errado, não percebi na hora e nem nos flashbacks. Queria apenas entender o motivo desse desconforto. Estranha demais essa sensação de que há algo atravessado entre a gente. De algo que, apesar de sensível, não pode ser entendido e nem explicado. Um incômodo que aperta o peito.

- Cara, fala com ela.

- Falar como? Não sei nem o que estou sentindo!

- Ah, só começa! Espera ver o que vem na mente e vai falando. Sei lá. Também não sou muito bom decifrando e manejando sentimentos e abstrações.

- Talvez você tenha razão.

- Talvez...

- Amanhã falo com ela. Preciso tirar isso de mim. Seja lá como for.

Brindaram e a conversa voltou àquele tom pastel dos diálogos masculinos: futebol, um pouco de política de banco de praça, uma ou outra obviedade fácil de concordar.

Já era tarde e, depois de mais umas duas cervejas, a saideira deixou o garçom mais contente. Despediram-se e cada um seguiu seu rumo.

Já em casa, Bernardo pôs-se a formular o quê e como diria o que lhe afligia. Queria parecer preocupado, mas não inseguro. Algo que soasse entre um “que porra é essa?” e um “estou pouco me fodendo!”. Nessa confabulação solitária, vagando entre as diversas cenas imaginadas, cedeu à leve embriaguez e dormiu.

O dia seguinte ainda seria lentamente agoniante, afinal, o casal somente se encontraria à noite. No decorrer do dia, trocaram apenas mensagens instintivas e maquinais. Nada mais. Bernardo se deixou absorver completamente pelo trabalho.

Naquela noite, como era de costume, Bernardo foi à casa de Carol e eles saíram para comer lanche. A hamburgueria era a mesma. Os pedidos, ensaiados. A conversa orbitava a reclamação de cada um com relação a algum fato do trabalho, do trânsito, ou do preço de algo no mercado.

- Nossa, quase vi um acidente na Avenida dos Estudantes. Tinha um cara de moto que foi passar no sinal vermelho e uma moça que vinha certa quase o atropelou. Foi por muito pouco! Se ela não freasse, o rapaz teria voado longe. Que perigo e...

-  Carol, o que está acontecendo?, interrompeu Bernardo.

- Como assim?!

- Entre a gente. Está estranho. Não sei. Queria ouvir você.

- Bom, difícil falar algo quando nem se sabe o que se está discutindo.

- Não sei. Estamos desconectados. Como se cada um estivesse dançando um ritmo. Eu um rock, você uma bossa.

- [...]

- Você parece que está apenas me suportando. Meio ensimesmada. Esperando ansiosa a hora de voltar pra dentro de si. Fala pra mim o que está acontecendo. Por favor! O que quer que seja. Só preciso saber.

- [...]

- Não me olhe com esse olhar aborrecido.

- Bernardo, tem uma coisa que preciso te falar. Não sabia como. Ainda não sei, na verdade. Mas, já que entramos no assunto, melhor eu dizer de uma vez.

- Por favor!

- Queria achar um jeito melhor de contar isso. Uma situação que eu pudesse ter preparado com calma. Mas acho que não há como dizer o que vou dizer de uma forma tranquila.

 - Meu Deus, Carol! Vou ter um troço...

- Vai mesmo, diz Carol com um sorriso só de boca.

- Então...

- Então...

- [...]

- Estou grávida!

terça-feira, 13 de junho de 2023

Saudade é amor em brasa

 

Nas lacunas, sua ausência é permanente.

Não raro, o ruído de um motor

me leva à janela, prontamente.

Não é você!

Você já não chega mais naquele horário.

Suas histórias não aborrecem o jantar.

A casa não tem o recheio do seu cheiro.

Meus chinelos não têm seus pés como lar.

 

Comigo, todo verso de saudade tem seu nome.

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Moldura

 

Trago sonhos suspensos na parede.

Deles emana passado idealizado.

Às vezes os toco, como quem remexe um baú.

Assopro a poeira; solto um espirro.

Os dedos já não deslizam como antes,

então, a reza dura apenas uns instantes.

O tédio, veja, é guarda deveras zeloso.

Deixo-me estar desenganado

e arrisco uns refrãos descompassados

entre um compromisso e outro.

quinta-feira, 1 de junho de 2023

Simples e suave

 

Este poema é simples.

Simples e suave.

Carícia de um sopro matinal.

Versos sem métrica e cobiças,

senão o mero existir.

Assovio que, vindo de fora,

passa pelos pulmões,

pousa na clave

e ecoa pelo corpo desavisado.

Incolor, inodoro e insípido,

como água. Necessário!

Sem monólogos sobre o amor,

paixões ou anseios.

Sem metafísicos devaneios

sobre tempos ou deuses.

Trivial desabrochar primaveril.


terça-feira, 23 de maio de 2023

Um sim a um doce fim

 

Reconfortante nosso sim.

A tristeza?, foi que demorou.

Por que soturnos assim?

Hora de viver o que se sonhou.

 

Eu sei, amor. Tentamos.

Cada um do seu jeito.

Sei também que com os anos

esta dor se vai do peito.

 

Dói! Não vou dizer que não.

Era cômodo, éramos amigos.

Doía antes a anulação

e não te ver mais como abrigo.

 

Eu sei, Vida! Ousamos.

Cada um no seu tempo.

A alma sossega com os anos

e o amor renasce refeito.

domingo, 21 de maio de 2023

No meu reino, reino

 

O que preciso

não sei se é preciso.

Também não discrimino

aquilo que discrimino.

O jogo, eu o jogo!

Não começo no começo.

Apenas decoro o decoro

e choro o choro.

Já não me apoio noutro apoio

senão da corte o corte,

até que eu torre as torres

e pedra sobre pedra não sobre.

No meu reino, mando eu!

Oração

 

Entre o suborno do céu e a ameaça do inferno,

lá se vão quase 40 anos dando voltas no deserto.

E a cada provação, ecoa uma mesma pergunta:

O que querem de mim?

segunda-feira, 15 de maio de 2023

Amor

 

Morte, gravidade inescapável.  

Mas a Luz lhe escapou

e tão forte alumiou,

que as trevas dissipou

e nos alcançou

a irrecusável benignidade do Amor.

Ceia

 

Tempo, Tempo, Tempo,

me leve com carinho,

veloz devagarinho,

mudando os sentidos

e as certezas pueris.

 

Tempo que, em sua eterna ceia,

traga todos de mansinho,

parte ao meio os caminhos

e, veloz devagarinho,

vê brotarem muitos fins.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Orvalho

 

Como se não houvera turva madrugada,

você orvalhou, sorriu

e eu amanheci.

 

E o refletor renunciou à tristeza

e alumiou uma canção

que aguardava numa mesa,

no canto do salão.

 

Era um três por quatro,

escrito nestas andanças,

meio chocho, meio lasso,

e que falava de esperança.


Um dedinho de Sartre

 

angustiado, nauseado,

condenado à liberdade de escolher

e abandonar

e escolher

e abandonar

e a receber um final não imaginado

 

reprimido, acorrentado

por outras escolhas alheias sonhadas

soterrado pelo fardo-benção

de poder escolher o que fazer

com o que fazem com você


continuamente moldando a essência

com a matéria prima da existência

Um dia vão dizer que foi sorte

 

sábado

onze da noite

a tela do computador exala luz

e deformaumenta minha sombra

todas as outras telas dormem

exaurido, visto um sorriso surrado

uma foto

um storie

“um dia vão dizer que foi sorte”

 

Não me encare com esse olhar!

O que você quer de mim?

Amor? Compaixão?

Não devemos nada um ao outro.

Sabíamos, desde o início:

éramos crianças brincando com fogo.

quinta-feira, 20 de abril de 2023

 

Soturno, nublado,

clamei à poesia.

Ousei um poema.

Mas a tristeza condensou,

choveu e verteu pela face.


quinta-feira, 13 de abril de 2023

Pitadas de Tafofobia

 

Enterrei um sentimento

enquanto ele ainda vivia,

e em muito pouco tempo,

ora, ora, quem diria?

Ele ressurgiu morto-vivo,

desses de série estrangeira:

não morrem nem com tiro.

Desnorteou minh'estribeira.

Liberdade

 

Alheias e ubíquas vontades

destinam meu querer.

Possuído por minhas posses,

elas ditam meu viver.

Luxo é ser livre em meio ao luxo!

Cinco chances

 

Deus do céu, como a amo!

Devo dizer? Sim!

- Gosto muito de você.

Ansiosa, ao não ouvir o esperado,

ela interpreta como pouco-caso.

Descaminhos comunicativos.

domingo, 26 de março de 2023

Juras

 

Juramos caminhar até o fim,

mas vimos os créditos antes do absoluto sim.

Talvez o pra sempre seja apenas um instante

guardado cuidadinho numa estante,

no coração.

 

As estações se repetem uma a uma

e os ventos assoviam uma canção póstuma.

Torta na parede, uma moldura vazia

e dentro dela o que se via

era solidão.


O pródigo

 

Volta o pródigo,

deveras arrependido.

Espera, em seu íntimo,

abraços e sorrisos.

 

Volta o pródigo

e qual é sua surpresa?

A Vida está refeita.

Não houve bem-estar.

 

Volta o pródigo e não encontra mais seu lar.


De repente

De repente, um sorriso seu brotou em mim

e passei a ver cores que desconhecia.

E o que era somente breu sem fim

pôde ser visto sob o sol do meio dia.

 

De repente, atentado para o alto,

em busca de alguma solução,

por entre esse caminhar incauto,

tropecei na minha redenção.

 

De repente, o óbvio se fez confuso

e o que era sólido escorreu pelos dedos.

E assim, de repente, esse arroubo sereno

pôs à mesa o amor e seus enredos.


quinta-feira, 23 de março de 2023

Felicidade, um instante eterno


Na sala de espera,

a felicidade é genuína:

tremelica as pernas,

radiante, apreensiva.

Anunciam sua senha

e ela é plenitude completa

a murchar rapidamente

e sumir ao cruzar o batente.

Um pequeno meteorito

adentrando a órbita terrestre:

brilho e calor e barulho

no intervalo de uma piscadela.

Evento efêmero;

memória imortal.

Eis a felicidade!


segunda-feira, 20 de março de 2023

Oásis

 

em seu corpo deserto,

percorri milhas e milhas

e em seu oásis me banhei

igual como vim à vida

mergulhei, emergi, mergulhei [...]

e de novo, com não tanta cobiça

daí, então, descansei

e adormeci feito criança na missa

domingo, 19 de março de 2023

Amores encadeados

 


Um cadeado fechado,

apartado de sua chave

numa ponte inundada

por amores encarcerados.

Promessas, dívidas eternas,

paixões que sucumbiram

entre o deleite e o cantar do galo.

Um cadeado fechado,

uma chave afogada,

um amor engaiolado.

Grades, cafuné e canto triste.

Possessão somente minha.

Minha posse minha!

O horizonte estancado

emoldurado por ferro e ciúme.

Uma chave esquecida.

Uma ponte colorida.

Um amor asfixiado

num cadeado cerrado.

terça-feira, 14 de março de 2023

Amor próprio

 

A poesia, quero-a quanto a mim.

Não pra me reconhecer. Deus, não!

Cobiço a mim mesmo cultuar.

Uma representação da minha vontade.

Um altar, canções em meu louvor.

Não, não almejo ponderações,

nem outros ou indagações.

Quero exaltação da minha existência.

Quero adoração ao meu singular viver.

Quero admiração à minha resiliência.

Quero tudo sobre meu glorioso ser.

Eu. Eu! Eu!!! Vezes cem, vezes mil!

Uma fotografia sem foco no cenário.

Ah, como é suave ouvir sobre mim.

Meus problemas, minhas virtudes,

minhas bondades flamejando em nuvens.

Quando leio, eu logo me procuro.

Se não me acho, quanta decepção.

E se me acho em uma fragilidade

e isso me arranha a autoimagem,

passo logo para uma nova atualização.