sexta-feira, 2 de junho de 2023

Moldura

 

Trago sonhos suspensos na parede.

Deles emana passado idealizado.

Às vezes os toco, como quem remexe um baú.

Assopro a poeira; solto um espirro.

Os dedos já não deslizam como antes,

então, a reza dura apenas uns instantes.

O tédio, veja, é guarda deveras zeloso.

Deixo-me estar desenganado

e arrisco uns refrãos descompassados

entre um compromisso e outro.

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