terça-feira, 21 de maio de 2024

Pandemônio

 

O caos do mundo perfura meu peito

e espalha farpas nas minhas entranhas.

Feridas que sangram com o vai e vem da vida

e se misturam às cicatrizes,

amores, defeitos e esperanças

que fundam o edifício deste rotativo eu.

 

Há lama por todo lado.

Flui pelas veias das cidades.

Milhões de lagoas avolumadas

pelas chuvas de nojo e ódio.

Há lama por todo lado.

Invade a casa pela porta da frente.

Emerge das profundezas de nossas vísceras.

Explode em erupção que se compartilha.

Há rios de gentes submersos

em lama, crueldade e morte.

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