terça-feira, 14 de março de 2023

Amor próprio

 

A poesia, quero-a quanto a mim.

Não pra me reconhecer. Deus, não!

Cobiço a mim mesmo cultuar.

Uma representação da minha vontade.

Um altar, canções em meu louvor.

Não, não almejo ponderações,

nem outros ou indagações.

Quero exaltação da minha existência.

Quero adoração ao meu singular viver.

Quero admiração à minha resiliência.

Quero tudo sobre meu glorioso ser.

Eu. Eu! Eu!!! Vezes cem, vezes mil!

Uma fotografia sem foco no cenário.

Ah, como é suave ouvir sobre mim.

Meus problemas, minhas virtudes,

minhas bondades flamejando em nuvens.

Quando leio, eu logo me procuro.

Se não me acho, quanta decepção.

E se me acho em uma fragilidade

e isso me arranha a autoimagem,

passo logo para uma nova atualização.

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