É chegado o momento!
Dia aquele demarcado
sem exatidão,
de desde o respiro
rompedor.
Sou o destino do anjo
Azrael.
A foice afiada reluz
um brilho efêmero, feito a vida.
O caminhar do divino
é sereno, de um labor habitual.
Um ministério eterno,
impessoal.
Já se decompõe
recente minha matéria
e o espírito jaz num
limbo espectral.
Pensamentos me
assombram, vivos.
São arrependimentos,
todos eles.
Os sentimentos sufocados:
amor e raiva que não desaguei.
O zelo minguado
dispensado aos amigos.
O trabalho que em vão
e sem gozo abracei.
Os sonhos natimortos velados
em sigilo.
Aqueles quereres
alheios que moldaram meu viver,
enquanto, emudecido,
abdiquei de escolher.
No final, às vésperas
da escuridão desconhecida,
penso que seria bom
ter-me feito mais feliz...
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